Há algumas semanas, o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes usou inteligência artificial (IA) para construir uma foto que retratava paulistas indo ao Rio para ver o show da Madonna e o resultado foi desastroso. Rostos distorcidos, borrados e, pior, sem nenhuma identidade com o perfil paulistano. É...deu ruim.
É fato que a inteligência artificial veio para ficar. No entanto, temos que saber usá-la e com responsabilidade.
No universo do audiovisual, a IA pode estar presente na pós-produção, por exemplo, com softwares de montagem, colorização etc. Com ela, é possível corrigir enquadramentos, apagar tremores e remover coisas da cena de forma mais fácil e rápida. No entanto, para criar do zero, ainda é algo muito complicado.
Usar a IA no campo criativo desde a concepção do projeto irá padronizar a narrativa, reduzir a diversidade e a capacidade de inovar, que são habilidades humanas. Isso ocorre pois os modelos de IA hoje não são capazes de criar algo de forma autônoma do zero. Para entregar ao usuário uma imagem ou uma cena de vídeo, eles realizam uma espécie de busca e curadoria por imagens em um gigantesco banco de dados e selecionam aquelas que atendam ao que o usuário digita em uma caixa de texto.
O uso da IA de forma não pensada também pode ferir direitos autorais. As ilustrações geradas pela inteligência artificial podem estar baseadas em artes existentes de outros artistas, sem que estes tenham conhecimento de que seu trabalho está sendo utilizado para treinar uma IA.
Se você pensa em usar inteligência artificial em seus projetos criativos desde a sua concepção com objetivo de reduzir custos, pare e pense novamente. O barato pode sair caro tanto financiamento quando em reputação e imagem. Se ainda assim você ficar na dúvida, lembre-se dos paulistas de Eduardo Paes.